Saturday, April 14, 2007

Democracia e Cultura


O ser humano é essencialmente cultural. Ele nasce, vive e morre imerso numa determinada cultura, com o seu modo de viver, a sua língua, os rituais, as instituições, os conhecimentos e valores próprios. Por isso, ele vê o mundo a partir da sua própria cultura.
Os conceitos de democratização cultural e de democracia cultural não são divergentes, constituem vertentes complementares que devem integrar, cada vez mais, as políticas culturais locais.
No conceito de cultura descendente ou democratização da cultura, a cultura é um património que se deve conservar e difundir, mas cuja produção está nos sectores socialmente minoritários. Democratiza-se o consumo cultural, mas a criação artística continua “elitista”.
Uma das formas de democratizar a cultura é ampliar o acesso aos bens culturais universais, já existentes, permitindo que as pessoas construam o seu modo próprio de ser e de participar na comunidade e na sociedade como um todo. Ampliar a distribuição e a compreensão da produção cultural, em vez de adaptá-la ou facilitá-la, enfraquecendo-a, permite que nós nos apropriemos de instrumentos de expressão e possamos construir uma consciência crítica diante do mundo em que vivemos. Mas este acesso à cultura envolve vários aspectos, tais como: o acesso físico, o acesso económico e o acesso intelectual. É necessário fazer com que todas as pessoas tenham a possibilidade de ter acesso à cultura. Dar primazia ao desenvolvimento e à cultura é, antes de mais, defender a democracia e a cidadania enfatizando a dimensão cultural, ou seja, o desenvolvimento da criatividade e o incremento da inovação. É situarmo-nos na igualdade de oportunidades, é facultar a expressão cultural, criar espaços culturais, facilitar o conhecimento das várias linguagens e torná-las acessíveis a todos, no fundo é reforçar as relações interculturais. A democratização da cultura é a difusão de produtos e a massificação da cultura, enquanto que trabalhar com base na democracia cultural é intervir, “dar” voz, é alargar o conceito de “Mundo” e de existência. Por isso é urgente pensar em traçar, a curto prazo, planos estratégicos de desenvolvimento cultural.